domingo, 7 de maio de 2017

Amor de mãe, ausência dolorida, presença do amor sentida na dor.

Hoje faz exatamente 1825 dias que minha mãe partiu. A dor diminuiu um pouco, aceitar sua partida, tive que aceitar, porque não tive escolha. Mas a saudade só aumenta cada dia mais.
5 anos sem a minha amada mãe. Não é fácil viver sem tê-la ao meu lado. Na verdade, eu tenho sobrevivido sem ela com muita luta e com a ajuda de Deus, mas é muito difícil. É difícil não poder mais contar com o mais puro e sublime amor, que é o amor de mãe. Não ter mais quem se preocupa com você, quem te protege, te aconselha ,te escuta, te indica o caminho a seguir e te dá carinho sempre, até mesmo quando você não merece muito.
A mãe nos enxerga com os olhos do coração e nos ama incondicionalmente. Sinto ainda muita falta de minha mãe, ela era meu porto seguro, minha luz, meu sentido para viver. Era tão bom chegar em casa e saber que ela estava lá, me esperando. Era tão bom ver os seus olhos brilharem ao me olhar, ouvir sua voz me chamando “filha” e saber que teria para quem contar como foi o meu dia e se caso, ele não tivesse sido muito bom, ela me ofereceria consolo, me ouviria com paciência e me daria colo, se preciso fosse. Ela não podia resolver meus problemas por mim, mas mesmo doente e fragilizada, ela sempre se importou comigo, ela sabia olhar para mim e percebia que eu não estava bem, por mais que eu quisesse esconder dela, ela não sossegava, enquanto eu não me abrisse com ela. Para minha mãe, apesar de eu ter que ser forte e muitas vezes, ter assumido o papel de mãe na nossa relação, cuidando e tomando a frente de tudo, para ela, eu continuava sendo sua filha e ela sabia que eu também precisava ser cuidada, em alguns momentos. Ela me conhecia melhor do que ninguém, e sabia que apesar de eu aparentar ser inteligente, forte, decidida, eu era frágil, sensível e se me tornava forte era por amor à ela e porque para defender quem a gente ama, retiramos forças do nosso íntimo para fazer o melhor possível, para cuidar, proteger e defender, somos transformados e movidos pelo elo que nos une. Mas no fundo, ela sabia que eu precisava muito de carinho. E enquanto eu cuidava de minha mãe, nunca me senti desamparada, porque ela me dava forças e respeitava meus sentimentos. Eu cuidava, mas era cuidada ao mesmo tempo, nem que fosse com um olhar, uma palavra, um sorriso, um gesto de gratidão e amor, tão simples, mas tão significativo e profundo.
Hoje é tudo tão mais difícil e penoso, tenho que aceitar a sua partida e lidar com a sua ausência constante, sendo forte o tempo todo, para cuidar da minha família, para cumprir a missão que minha amada mãe me deixou. Ela  se foi ,sabendo que eu cuidaria do meu pai e da minha irmã. Mas ela se esqueceu de me dizer quem iria cuidar de mim, quando eu precisasse? Sei que Deus me acompanha e está comigo sempre, aliás, se não fosse Deus e o seu amor misericordioso, talvez eu não estivesse mais aqui e nem teria conseguido suportar tudo que já passei. Sinto de certa forma, através de Deus, a presença de minha mãe, me protegendo e guiando meus passos, lá do céu. Mas tem momentos, que eu precisava de um apoio humano, de um abraço, de uma palavra amiga, mas eu não tenho a quem recorrer, isso dói. Nesses momentos, a ausência de minha mãe fica mais evidente e mais intensa. As pessoas que convivem comigo, próximas a mim, pensam que eu não preciso de nada, que eu sei lidar bem com tudo, que sou adulta, que sou inteligente, que resolvo tudo, que nada me falta, mas não é bem assim. Eu sou humana como todos e também tenho meus momentos de fraqueza e precisava muito de ter alguém que estivesse disposto a me oferecer um ombro amigo e acolhesse meus medos. Não quero que ninguém faça o papel da minha mãe, não é isso. Amor de mãe é insubstituível, mas uma mão amiga, ajudaria muito a diminuir a dor da ausência da minha mãe e talvez, eu não me sentisse mais tão sozinha e desamparada, como eu me sinto em muitas situações. Talvez, a luta ficaria mais fácil, menos dolorosa. Por isso, eu fico muito triste , quando vejo tantas pessoas que ainda têm a benção de ter sua mãe viva, ao seu lado, e não aproveitam para ficar perto de sua mãe, não aproveitam os momentos juntos e muitas vezes, até esquecem-se de dar atenção e carinho para suas mães, principalmente quando elas começam a ficar debilitadas e começam a envelhecer, isso me dói muito. Eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para estar ao lado de minha mãe e vejo pessoas que têm este privilégio, desperdiçarem essa maravilhosa experiência. Por isso, eu os aconselho, ame todos os dias, cuide e proteja as pessoas que são especiais para você. A vida é uma passagem e ás vezes, ela é muito breve. Arrume tempo para partilhar momentos ao lado dessas pessoas, não espere perdê-las, para sentir sua falta e passar a valorizá-las.

Passe o tempo que passar, tenho a plena certeza de que nunca me esquecerei de minha mãe e acho que nem posso, pois preciso lembrar-me sempre de seu amor, para continuar a viver e também sou consciente de que o nosso amor sempre prevalecerá, mesmo que estejamos separadas fisicamente, espiritualmente estaremos sempre ligadas de alguma maneira, pois minha mãe está em meu coração, em minha memória e em meu modo de ser e agir, ou seja, ela estará sempre comigo, talvez, não do jeito que eu desejaria, ou gostaria, mas estará sempre comigo e é por acreditar nisso e pela fé que tenho em Deus, de que ela está feliz e bem, é que encontro motivos e forças para continuar seguindo em frente e cumprindo minha missão, por mais difícil que seja. Que Deus me proteja e continue me abençoando , pois sem Ele eu não seria nada e nem estaria conseguindo caminhar.

sábado, 15 de abril de 2017

Refletindo sobre a vida....

Todos nós precisamos amar e ser amados, todos precisamos de alguém que nos dê carinho, que goste de nós verdadeiramente, sem querer nada em troca, sem interesses ou conveniências momentâneas. Amar e ser amado, cuidar e ser cuidado, proteger e ser protegido, são coisas tão simples, tão profundas, mas que nos dias atuais, são tão raras de se ver. As pessoas  apenas têm tempo para trabalhar e usufruir das tecnologias, iludindo-se em relações virtuais e esquecem-se do principal: valorizar o momento, o presente, a pessoa que está ao seu lado. O ser já não é mais importante, o que vale para as pessoas, é o ter.
Há momentos na vida em que é impossível evitar a tristeza. Todos nós temos momentos em que precisamos de um ombro amigo ou de palavras de ânimo que nos levem a não desistir.
Eu me sinto tão só e perdida nesse mundo. Parece que sou inadequada para essa nova realidade que a sociedade moderna nos impõe. Para mim, o amor, a amizade, a generosidade e a humildade são imprescindíveis. Eu não sei viver pensando só em mim, nos meus objetivos e metas. Para mim, viver é dividir, é oferecer o que você é, o seu melhor para o seu próximo. Eu gosto de cuidar, de ajudar, de proteger, esse é o meu jeito de amar. Mas parece que estou errada, que sou anormal, que nunca vou conseguir ser compreendida pelas pessoas. Eu sou uma pessoa que se doa, que quando ama , é de verdade e pra sempre. Sou difícil de me aproximar, preciso de um tempo para conhecer as pessoas, não sou muito sociável, mas depois de alguns dias de convivência, sinto mais confiança e me abro para algumas pessoas que meu coração escolhe e farei o que estiver ao meu alcance, para mostrar o quão especial e importante essa pessoa é para mim. Farei tudo com carinho, amor, atenção, para enxergar nos olhos de quem escolhi para me acompanhar nessa jornada da vida, um brilho especial e perceber que consegui ao menos, por um instante, tornar sua vida, um pouco mais leve e feliz. Eu sou assim, sem grandes mistérios, sem nenhum disfarce. Sou intensa, sou transparente, sou leal. Sou do jeito que Deus quis que eu fosse, e sou aquilo que a vida fez comigo. Sou muito do que aprendi com minha mãe, sou muito do que aprendi com minhas experiências de vida.
Sou todas as desilusões que já sofri, todas as lágrimas que já derramei. Sou todas as alegrias que já senti, e todos os sorrisos que já brotaram do meu rosto. Sou um passado, um presente e um futuro.
Quando eu me sinto perdida, ninguém me estende a mão. É doloroso perceber que não tenho ninguém com quem posso contar. Aliás, para as pessoas, ás vezes, parece que não tenho direito de ter sentimentos, de ter medo, de ficar triste e de precisar de colo e cuidado. Eu tenho sempre que estar alegre , forte e pronta para cuidar das pessoas que estão próximas a mim, da minha família.
Mas eu nunca preciso de nada e nem de ninguém. Parece que eu não existo como pessoa.


A maior decepção não é me sentir sozinha, mas sim saber que estou desamparada com tantas pessoas por perto, ao meu redor. A vida me tem ensinado da pior forma que as palavras nada valem, se não forem acompanhadas de ações.  Não há nada pior do que sentir que estamos desamparados e ver tudo à nossa volta cair, sem termos alguém para nos segurar. Nesses momentos, a ausência da minha mãe fica mais evidente, porque ela era a única pessoa que se importava comigo, que me enxergava com o coração, que sabia que eu era frágil, medrosa e carente. Ela sabia que por mais que eu me esforçasse para ser forte, inteligente e saber resolver as situações do cotidiano, que eu também precisava de carinho e de sentir que não estava sozinha, que eu tinha alguém do meu lado, me dando forças e apontando caminhos para encontrar as soluções para os problemas. Por mais que eu tenha cuidado dela e feito tudo o que estivesse ao meu alcance, eu não consegui evitar sua partida. Eu  a amei intensamente e ainda a amo, valorizei cada instante ao seu lado, mas mesmo assim, ainda sofro de saudades.Eu só queria que as pessoas me enxergassem como humana e me acolhessem com carinho, me oferecessem um olhar terno e afetuoso, um abraço apertado ou simplesmente um aperto de mão, que isso significasse:” Eu não sei quais são os seus desafios e problemas, você terá que enfrentá-los e resolvê-los sozinha, mas tenha certeza de que pelo menos, não estará sozinha nos momentos de incerteza e nos seus fracassos, eu estou com você, aconteça o que acontecer. Conte comigo!!!”. Será que isso é pedir muito, às vezes, penso que sim, que isso não é permitido para mim, o porquê disso  eu não sei, mas  sei que essa tem sido minha realidade.