2
anos e 3 meses, 822 dias. É muito tempo, é uma eternidade. É insuportável
constatar que já se passaram tantos dias, tantas horas e tantos minutos sem
poder ver minha amada mãe. Hoje faz 2 anos e 3 meses exatamente que Deus levou
minha querida mãe, que Deus levou meu maior tesouro. A saudade é minha
companheira constante e a tristeza já se impregnou à minha alma.
Como
é duro viver e estar só! Como dói não ter mais o amor de minha mãe, como dói
não poder mais vê-la, ouvir sua voz, receber seu abraço, como é difícil
perceber que perdi meu grande e verdadeiro amor. O amor mais belo e mais puro. Amor
maternal misturado ao divino, amor sublime e incondicional. Como sinto a falta
de minha mãe. Eu seria a pessoa mais feliz deste mundo se Deus me concedesse a
oportunidade de só mais uma vez, poder estar ao lado de minha mãe e sentir sua
presença, sua respiração e enxergar novamente o brilho todo especial em seus
olhos, quando os meus olhos se cruzavam
com os dela. Sei que pode ser absurdo pensar assim, mas é o que minha alma e
meu coração desejam ardentemente. Talvez quem já perdeu alguém muito especial,
quem já perdeu a sua mãe me compreenda. Talvez! Mas não me preocupo se pareço
ser anormal ou se as pessoas me julgam e consideram que eu não quero aceitar a
realidade, aceitar que a morte faz parte da vida, que é natural, que tudo é um
ciclo que se inicia e se encerra. Algumas
pessoas me dizem que o tempo é o melhor remédio. O tempo cura tudo. Eu
não concordo muito com isso. A passagem do tempo nos ajuda a perceber que não
temos escolha e que é preciso seguir, por mais difícil que seja, temos que
continuar. Mas o tempo não diminui a dor que sinto por não ter mais minha mãe.
Pelo contrário, sinto que essa dor se agiganta cada dia mais e sinto que terei
que aprender a viver constantemente com ela. O tempo não cura a dor de se
perder nossa mãe. O tempo ameniza o desconforto de nossa realidade, esconde,
sufoca e abafa o vazio que habita em nosso ser. O tempo apenas faz com que a
rotina diária se encaixe, mas de forma alguma, consegue acabar com o incômodo
de se sentir só, desamparada e perdida, com o fato de se sentir impotente e incapaz
de mudar o imutável e de trazer de volta o sentido de nossa vida. Minha mãe
sempre foi minha razão de viver e hoje o que me move é ainda a certeza que
tenho de que ela confiava em mim para cuidar de nossa família e que não posso
decepcioná-la, ou seja, ela ainda é de uma maneira diferente, a minha razão de
lutar para sobreviver, a minha razão de viver, mesmo que seja para viver, das
lembranças, da saudade e do amor dela que ainda pulsa em mim.
Saudade é uma forma de amor. É o amor que ficou impregnado
no meu corpo, no meu jeito de ser e de ver o mundo, pois ainda enxergo o mundo,
as coisas e as pessoas com o olhar de minha mãe, pois foi assim que aprendi com
ela, foi assim que eu deixei de ser sua filha e passei a ser sua mãe-filha e me
misturei ao jeito dela e nós nos tornamos uma continuidade uma da outra e
vivemos incondicionalmente uma para a outra e juntas compartilhamos o amor
pleno que foi a base e o alicerce de nossa relação. Acho que nunca deixarei de
ser assim, mesmo não tendo mais minha mãe perto de mim. O que me resta é
confiar em Deus e seguir em frente, alimentando-me da misericórdia de Deus,
buscando forças nas lembranças e na saudade de minha querida mãe. É viver do
que dela ficou em mim. É viver do que ela deixou em mim, pois sei que muito
dela ainda está em mim e ficará para sempre guardado, gravado em meu coração e
em minha alma. Saudades eternas e amorosas, de um amor terno e generoso que
tive a honra de sentir e de desfrutar, graças à bondade de Deus ao ter me
concedido a benção de nascer e ser filha de uma mulher tão especial e
guerreira, como minha amada mãe, Maria Auxiliadora. Te amo e te amarei para
sempre. Saudades!!!!
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