quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Refletindo sobre o tempo e a saudade

2 anos e 3 meses, 822 dias. É muito tempo, é uma eternidade. É insuportável constatar que já se passaram tantos dias, tantas horas e tantos minutos sem poder ver minha amada mãe. Hoje faz 2 anos e 3 meses exatamente que Deus levou minha querida mãe, que Deus levou meu maior tesouro. A saudade é minha companheira constante e a tristeza já se impregnou à minha alma.
Como é duro viver e estar só! Como dói não ter mais o amor de minha mãe, como dói não poder mais vê-la, ouvir sua voz, receber seu abraço, como é difícil perceber que perdi meu grande e verdadeiro amor. O amor mais belo e mais puro. Amor maternal misturado ao divino, amor sublime e incondicional. Como sinto a falta de minha mãe. Eu seria a pessoa mais feliz deste mundo se Deus me concedesse a oportunidade de só mais uma vez, poder estar ao lado de minha mãe e sentir sua presença, sua respiração e enxergar novamente o brilho todo especial em seus olhos, quando os meus olhos  se cruzavam com os dela. Sei que pode ser absurdo pensar assim, mas é o que minha alma e meu coração desejam ardentemente. Talvez quem já perdeu alguém muito especial, quem já perdeu a sua mãe me compreenda. Talvez! Mas não me preocupo se pareço ser anormal ou se as pessoas me julgam e consideram que eu não quero aceitar a realidade, aceitar que a morte faz parte da vida, que é natural, que tudo é um ciclo que se inicia e se encerra. Algumas  pessoas me dizem que o tempo é o melhor remédio. O tempo cura tudo. Eu não concordo muito com isso. A passagem do tempo nos ajuda a perceber que não temos escolha e que é preciso seguir, por mais difícil que seja, temos que continuar. Mas o tempo não diminui a dor que sinto por não ter mais minha mãe. Pelo contrário, sinto que essa dor se agiganta cada dia mais e sinto que terei que aprender a viver constantemente com ela. O tempo não cura a dor de se perder nossa mãe. O tempo ameniza o desconforto de nossa realidade, esconde, sufoca e abafa o vazio que habita em nosso ser. O tempo apenas faz com que a rotina diária se encaixe, mas de forma alguma, consegue acabar com o incômodo de se sentir só, desamparada e perdida, com o fato de se sentir impotente e incapaz de mudar o imutável e de trazer de volta o sentido de nossa vida. Minha mãe sempre foi minha razão de viver e hoje o que me move é ainda a certeza que tenho de que ela confiava em mim para cuidar de nossa família e que não posso decepcioná-la, ou seja, ela ainda é de uma maneira diferente, a minha razão de lutar para sobreviver, a minha razão de viver, mesmo que seja para viver, das lembranças, da saudade e do amor dela que ainda pulsa em mim.
Saudade é uma forma de amor. É o amor que ficou impregnado no meu corpo, no meu jeito de ser e de ver o mundo, pois ainda enxergo o mundo, as coisas e as pessoas com o olhar de minha mãe, pois foi assim que aprendi com ela, foi assim que eu deixei de ser sua filha e passei a ser sua mãe-filha e me misturei ao jeito dela e nós nos tornamos uma continuidade uma da outra e vivemos incondicionalmente uma para a outra e juntas compartilhamos o amor pleno que foi a base e o alicerce de nossa relação. Acho que nunca deixarei de ser assim, mesmo não tendo mais minha mãe perto de mim. O que me resta é confiar em Deus e seguir em frente, alimentando-me da misericórdia de Deus, buscando forças nas lembranças e na saudade de minha querida mãe. É viver do que dela ficou em mim. É viver do que ela deixou em mim, pois sei que muito dela ainda está em mim e ficará para sempre guardado, gravado em meu coração e em minha alma. Saudades eternas e amorosas, de um amor terno e generoso que tive a honra de sentir e de desfrutar, graças à bondade de Deus ao ter me concedido a benção de nascer e ser filha de uma mulher tão especial e guerreira, como minha amada mãe, Maria Auxiliadora. Te amo e te amarei para sempre. Saudades!!!!