sábado, 9 de maio de 2015

3 ANOS, 1095 DIAS. É UMA ETERNIDADE QUE AINDA SÓ AUMENTARÁ A CADA MINUTO QUE PASSA .

Três anos , 1095 dias, é muito tempo para quem perdeu o grande amor de sua vida, sua razão de viver. Três anos em que não mais escuto sua voz me chamando de filha, três anos sem poder olhar em seus olhos e enxergar neles o reflexo de seu amor por mim. O amor mais belo e puro. Amor maternal misturado ao divino, amor sublime e incondicional. Saudade é o amor que não se explica, saudade infinita, saudade que pulsa dentro de mim a todo instante. Como tem sido difícil viver sem a sua presença física ao meu lado, minha amada mãe. Eu pensei que não seria capaz de viver sem a senhora, nem ao menos um dia e hoje constato que já se passaram três longos e complicados anos sem poder aproveitar sua companhia e sem me sentir protegida e amada verdadeiramente. Meu amor por ti, minha querida mãe, sempre foi tão grande e intenso que desejei trocar de lugar com a senhora para não vê-la sofrer, desejei sentir a dor que sentia para que doesse menos em mim, a impotência de ver diariamente seu sofrimento. Mas hoje é duro constatar que eu não consegui evitar seu sofrimento e sua partida. Eu não consegui, porque sou humana, apenas isso, humana. Hoje tenho consciência de que embora não tenha conseguido evitar sua partida (porque isso não cabia a mim), sei que pelo menos, meu amor foi capaz de amenizar um pouco sua dor e suas lutas, ajudando-lhe a passar por tantas dificuldades que passou. Eu gostaria de ter feito muito mais pela senhora, mas tento me convencer de que fiz o melhor que podia, de que fiz tudo o que estava ao meu alcance, de que fiz o que me foi permitido fazer. O tempo não cura a dor de se perder nossa mãe. O tempo ameniza o desconforto de nossa realidade e faz com que a rotina diária se encaixe, mas de forma alguma, consegue acabar com o incômodo de se sentir só e perdida, com o fato de se sentir impotente e incapaz de mudar o imutável e de trazer de volta o sentido de nossa vida. A ausência de minha mãe ganha proporções gigantescas para mim, pois embora eu tivesse a responsabilidade de cuidar dela, de exercer o papel de mãe-filha, eu nunca me senti desamparada e a cada cuidado que eu tinha para com ela, eu me sentia sendo cuidada também. Ela compreendia , que para mim, não era fácil vê-la tão dependente, que não era fácil ter que lidar com certas situações, mas que por amor, eu superava todos os meus medos e esse amor era retribuído intensamente por ela. Ela sempre soube que eu sofria junto com ela, e que por mais forte e responsável que eu demonstrasse ser, eu também precisava de afeto, de carinho, nem que fosse apenas uma palavra, um conforto de mãe. Nos últimos dias em que convivemos a cada momento em que eu me aproximava dela para ajudá-la, eu recebia um beijo no rosto. . Parece que ela queria me agradecer, queria se despedir de mim, aos pouquinhos. Um beijo. Apenas um beijo. Parecia que ela sabia que sua hora estava chegando e como as palavras já estavam ficando escassas, ela encontrou nesse gesto, uma maneira de ser mãe e de demonstrar a grandiosidade de seu amor, apesar de estar fisicamente fraca , o amor superava qualquer dificuldade. Dói muito ter a certeza de que esse gesto concreto foi o sinal de nossa separação, da despedida mais triste e mais temida por nós duas. É muito difícil e doloroso viver pela metade, viver como se tivessem arrancado um pedaço de você, o mais importante. Minha mãe foi uma grande guerreira. Foi fiel nas grandes e nas pequenas coisas. Foi uma esposa companheira, uma filha carinhosa, uma mãe exemplar, uma amiga incondicional. Agradeço a Deus a oportunidade de ter tido uma mãe maravilhosa, e sigo caminhando para que um dia, quando conseguir cumprir minha missão,  eu  possa ganhar a graça de poder reencontrá-la. Sei que só com a ajuda de pessoas amigas e de Deus é que irei conseguir seguir em frente .  Que Deus me ajude e que eu aprenda que tudo isso é para o meu crescimento como pessoa e que a vida é apenas uma passagem.