sexta-feira, 31 de outubro de 2014

2 anos e 6 meses de muita saudade...

Nesses últimos dias, ando sentindo muito a falta de minha mãe, as lembranças são muitas e a dor da saudade é muito grande. Não sei se é por causa de estar perto de completar dois anos e meio que ela partiu e porque essa passagem do tempo me incomoda. Ando muito carente, precisando de consolo, de um abraço, de um pouco de carinho, de atenção. Meu coração fica apertado e como não tenho como colocar tudo que está guardado para fora, resolvi escrever. Sei que colo de mãe eu não tenho e nunca mais terei. Sei que não há nada no mundo que se compare ao amor de mãe, mas sei também que pequenos gestos de carinho ajudam e aliviam um pouco essa dor, suavizam e amenizam qualquer tipo de sofrimento. Mãe, que saudade da senhora. Saudade das nossas conversas, de sua maneira simples de contar as coisas, da sua presença maravilhosa.. Ah! Mãe, quanta falta sinto... Principalmente do seu apoio, do seu ombro, sempre amigo para me encostar. De seus braços que envolventes, me abraçavam. Ter perdido a minha mãe significou para mim, perder minha melhor amiga, minha conselheira e o meu maior exemplo. Perdi meu rumo, meu caminho, minha direção. Perdi meu alicerce, minha fortaleza, o sentido da minha vida, parece que ao perdê-la, eu também me perdi, pois no meu íntimo existe um vazio tremendo que insiste em reinar, parece que nada do que eu faça é capaz de preenchê-lo ou de diminuí-lo ao menos um pouco. É muito complicado ter que conviver diariamente com a falta de minha mãe, é muito triste e difícil. Como eu ando precisando de um colo de mãe, de um abraço, de um sorriso de mãe. Como dói chegar em casa e não encontrá-la me esperando, como dói não ter ninguém que te pergunte ou que queira saber como foi o seu dia. Como dói não ter ninguém para te aconselhar, para ouvir seus desabafos, para te apontar caminhos e soluções. Como dói não ter ninguém que se preocupe verdadeiramente com você, que saiba reconhecer que você não está bem, está triste, mesmo que você não diga nada. Só pelo olhar. É muito difícil viver sem o amor de mãe, o mais puro e verdadeiro amor. 
 Um  pequeno gesto faz toda a diferença. Como seria bom se as pessoas compreendessem isso. Um olhar atencioso, um abraço, uma palavra sincera pode transformar o dia e a vida de uma pessoa. Um carinho, um abraço, uma palavra, um “estou aqui, “Conte comigo”, mas que seja dito de verdade, do fundo do coração. Porque mais do que falar, é preciso agir, é preciso estar disposto a acolher. E essa acolhida pode transformar a vida de quem sofre com a dor da ausência de alguém tão especial. Uma ajuda sincera de um amigo ou de um parente faz muita diferença para quem se sente só e desamparada. Gostaria de poder demonstrar mais meu sofrimento, minha dificuldade em lidar com a perda e principalmente que as pessoas não me julgassem por isso e enxergassem que também sou humana, preciso de carinho, de compreensão, tenho medos e dúvidas, como todos e preciso de alguém que se disponha a me ajudar, que me escute, me aconselhe e me mostre que ser humana não é sinal de fraqueza e que tenho esse direito de ser frágil, ás vezes, e principalmente, que se eu precisar de um ombro amigo, de uma palavra, de um abraço, eu tenho onde encontrar. Gostaria que pelo menos , em alguns momentos da vida, retirassem de mim o peso de exercer o papel de uma pessoa forte, decidida, responsável, comprometida, inteligente, aquela que tem que resolver tudo e que todos acham que sabe se virar bem sozinha, que sempre dá conta de tudo sozinha. Eu não sou forte, mas tive que me fazer forte pelas circunstâncias que a vida me impôs(ser o alicerce de minha família, doenças, lutos), mas sou fraca e frágil. Sou muito sensível e porque já sofri muito, aprendi a ajudar os outros a não sofrerem ou ao menos tentar aliviar a dor do outro. Amadureci muito cedo e adquiri uma visão mais humana , sensata e cristã. Mas ainda assim sou humana, cheia de defeitos e limitações. Que eu tenha a certeza que perdi temporariamente o amor e cuidado de mãe, mas que posso ter o amparo e o amor fraterno de alguém que faça diminuir um pouco que seja essa orfandade, essa ausência de cuidado e carinho, que sinto.  Pois todas às vezes, em que Deus permitiu que um anjo amigo cruzasse meu caminho, todas as vezes que encontrei uma pessoa amiga que me ouvisse alguns instantes, isso fez muita diferença para mim. Senti por alguns instantes, um alívio, senti que não estou sozinha e percebi que posso ter esperança, que vou conseguir superar e isso acalmou meu coração e renovou minhas energias. Sentir que você tem alguém com quem contar, alguém para confiar e que será capaz de aceitar você com todas as suas limitações e que por mais que ainda não tenha passado por nenhuma situação parecida com a sua, fará de tudo para compreender você , para que você se sinta aliviada e acalentada. Sei que Deus está sempre comigo e nunca me abandona, sou muito grata a Ele por sentir sua presença e o seu amor agindo em minha vida, pois sei que sem o amor de Deus eu nada seria. Mas há momentos em que preciso de ações mais concretas, preciso do apoio de alguém que eu possa tocar fisicamente, preciso de calor humano abençoado por Deus, preciso que Deus me apresente um novo caminho e que nele eu encontre pessoas solidárias que me aceitem e me acolham de braços abertos e de coração sincero. Pequenos gestos podem fazer uma grande diferença. Devemos preencher o vazio que sentimos com gestos de amor. Porque só o amor é capaz de grandes transformações. Só o amor rompe todas as barreiras. Só o amor cala as nossas feridas. E só o amor nos leva a crer que não importa as perdas que a vida nos impõe, devemos sempre continuar. Acredito que talvez por isso, a ausência de minha mãe ganha proporções gigantescas para mim, pois embora eu cuidasse dela, ela também sempre cuidou de mim e me amou intensamente, preenchendo todas as lacunas afetivas que eu poderia sentir. Mesmo doente e debilitada, ela nunca deixou de se preocupar comigo e com o meu bem-estar. Ela nunca deixou com que eu me sentisse sozinha e mesmo tendo a responsabilidade de cuidar dela, de exercer o papel de mãe-filha, eu nunca me senti desamparada e a cada cuidado que eu tinha para com ela, eu me sentia sendo cuidada também. Ela sempre me enxergou, sempre sorria para mim, sempre queria saber de mim e compreendia que eu também sofria muito ao vê-la sofrer, que para mim não era fácil vê-la tão dependente, que não era fácil ter que lidar com certas situações, mas que por amor, eu superava todos os meus medos e esse amor era retribuído intensamente por ela. Ela sempre se preocupava, me agradecia, dizia que estava difícil, que a minha criança estava dando muito trabalho, se preocupava se eu estava bem, mesmo quando estava em crise, ela demonstrava seu amor. E quando no hospital ,  as enfermeiras se aproximavam da cama dela e ela me perdia de sua visão, chamava-me “filha, cadê a minha filha” e eu respondia prontamente” Estou aqui, minha mãe”. Como sinto saudade de viver situações parecidas com essa , só para ouvir sua voz e poder pronunciar novamente” minha mãe”. Parece que ela se sentia mais segura perto de mim, mas eu também me sentia mais forte e protegida só de saber que eu era importante para ela e que de alguma forma eu podia ajudá-la a aliviar suas dores e medos. Ela sempre compreendeu que eu sofria junto com ela, e que por mais forte e responsável que eu demonstrasse ser, eu também precisava de afeto, de carinho, nem que fosse apenas uma palavra, um conforto de mãe. Sei que não sou compreendida pelas pessoas, que pelo tempo que isso tudo aconteceu, quase três anos, eu teria que ter aceitado e superado a morte de minha mãe. O tempo pode aliviar um pouco o abalo inicial, mas quando um ente querido morre a vida nunca mais volta a ser a mesma. A idéia de que o tempo cura as dores passa a impressão de que há um prazo para sentir dor e que a pessoa tem a obrigação de se recuperar logo. Porém, há pessoas que nunca vão conseguir superar a dor (acho que sou uma delas).  Mas isso acontece, porque ninguém compreende a grandeza e a intensidade da nossa relação (mãe e filha), pois eu sempre vivi incondicionalmente para minha mãe e cheguei a acreditar que sempre seria assim. Aceitar sua partida, já  aceitei , porque não tive escolha e porque como a amava profundamente não queria vê-la sofrer e sou consciente que ela está muito melhor agora, muito bem. Mas o que é difícil de aceitar é a dureza de se viver sozinha, de se viver sem minha mãe, de ter que continuar a viver e a lutar, quando quase tudo perdeu o sentido, quando quase tudo é vazio. É muito difícil viver sem o amor de mãe, o mais puro e verdadeiro amor. Dói ver que tantas pessoas podem ter a sua mãe ao seu lado, mas não aproveitam essa oportunidade e se afastam ou não as dão a atenção e o carinho que merecem. E eu que sempre tentei ser uma boa filha, e sabia do valor de se ter uma mãe, perdi tão cedo minha amada mãe, sendo que meu maior sonho era poder envelhecer ao seu lado, envelhecer junto com ela. Como é insuportável ter que aceitar sua ausência. E isso dói. Dói porque não aprendi a viver sem ti, minha mãe... Não aprendi a chorar sem seu consolo. Não aprendi a andar sem que me indicasse a direção. Não sei como dar conta dessa vida que não é só minha, mas um tanto sua. Agora eu já não sei como chorar nem como sorrir. E não porque não tenhas me ensinado, mas porque a sua fortaleza me encorajava. Fortalecia-me e me fazia ser melhor. A minha força sem ti, agora é pequenina. Meu olhar sem ti, agora é sem brilho, sem graça... Minha mãe foi uma grande guerreira. Foi fiel nas grandes e nas pequenas coisas. Foi uma esposa companheira, uma filha carinhosa, uma mãe exemplar, uma amiga incondicional. E esse aperto aqui dentro? Sem minha mãe pra acalmar? E essa vontade de desistir, sem minha mãe pra me incentivar? E esse lamento? E essa loucura de querer chegar e te ver a minha espera, com um lindo sorriso e receber- me com um caloroso abraço, pedir sua benção e sentir que assim eu estaria segura, porque me reencontrei com meu porto seguro. Pena que isso não possa se tornar realidade. Pena, que a minha realidade seja agradecer a Deus a oportunidade de ter tido uma mãe maravilhosa, de saber que Ele como pai misericordioso que é , nunca vai me desamparar e que um dia, quando eu conseguir cumprir minha missão, talvez eu ganhe a graça de poder reencontrá-la. O que me resta é confiar em Deus e seguir em frente, alimentando-me da misericórdia de Deus, buscando forças nas lembranças e na saudade de minha querida mãe. É viver do que dela ficou em mim. É viver do que ela deixou em mim, pois sei que muito dela ainda está em mim e ficará para sempre guardado, gravado em meu coração e em minha alma. Confio que um dia, quem sabe, só me restará uma grande e enorme saudade que me acompanhará sempre, mas que também será um sinal de que não estou sozinha, que continuo contando com a proteção da minha amada mãe, olhando por mim e por todos que aqui ficaram. Mãe, que saudade minha mãe, sigo assim meu caminho, tendo a saudade como minha constante companheira até o dia em que Deus, me deixar rever-te, vou ter saudades tuas, porque te amo intensamente e eternamente.
Eu queria aproveitar para agradecer a todas as minhas amigas que nesse período de luta e superação me ajudaram com seu carinho e amizade a ter forças para continuar. Que Deus abençoe a todas, por fazerem a diferença em minha vida, mas não poderia deixar também de agradecer a uma amiga muito especial, Daise, que foi e é um verdadeiro anjo em minha vida, tenho certeza que ela sabe do que eu estou falando e também já sabe da eterna gratidão que tenho por ela, mas gostaria de dizer que o apoio e o carinho, a paciência e a disponibilidade, a acolhida e a cumplicidade, tudo que encontrei em nossa amizade e tudo que recebi dela tocou profundamente minha alma e meu coração e foi fundamental na minha caminhada e em tudo que vivi e é o que tem me ajudado a conseguir continuar, a seguir em frente. Só Deus pode recompensá-la por todo o bem que me fez e ainda me faz. Obrigada por me ensinar que a cada dia podemos recomeçar, obrigada por ter me ajudado a enfrentar momentos difíceis e complicados, por me fazer sentir que alguém se importa comigo e por saber que sempre poderei contar contigo.
“Desde o dia em que eu perdi minha mãe Eu me perdi de mim também Perdi no mundo o que era o mundo meu - minha mãe E eu não sei o que sou sem ela Só sei que ela me deixou Por que ela me deixou? Por que ela me deixou? Ela me deixou Nesse dia, o dia em que eu perdi minha mãe Eu me dei conta que eu estava só por minha conta Mesmo tendo o meu pai, que eu amo A minha conta não se fecha Essa conta nunca mais fechou Nunca mais fechou Estou aqui, estou aqui, fiquei aqui Você não está você não está não está mais Eu quero te ver,
quero te ver, para te ver. É preciso sonhar.” (Nando Reis – Conta).